O lendário ex-jogador e atual presidente dos Indiana Pacers, Larry Bird, surpreendeu os fãs ao afirmar que Kevin McHale não está entre os candidatos ao cargo de treinador principal da equipa. A declaração, publicada no site oficial dos Pacers, revelou um motivo pessoal e nobre por detrás da decisão: a amizade e o profundo respeito que Bird nutre por McHale, seu antigo companheiro de guerra nos gloriosos tempos dos Boston Celtics.
“Eu não faria isso ao Kevin; não o forçaria a trabalhar para mim. Tenho o maior respeito por ele; passámos por muitas batalhas juntos. Adoraria que ele fosse o meu treinador, mas isso não vai acontecer por causa da nossa relação”, afirmou Bird, num tom sereno, mas firme. As palavras do presidente reforçam a ligação forte e duradoura entre duas das maiores lendas da história da NBA. Bird e McHale formaram uma das duplas mais emblemáticas do basquetebol dos anos 80, levando os Boston Celtics a conquistar três títulos da NBA (1981, 1984 e 1986). A relação construída dentro do court, baseada na confiança e na lealdade, mantém-se viva décadas depois, agora num contexto diferente — fora das quatro linhas.
Larry Bird e Kevin McHale não foram apenas colegas de equipa; foram sinónimos de uma era dourada do basquetebol americano. Juntos, sob o comando de Red Auerbach e K.C. Jones, os Celtics transformaram a década de 1980 num espetáculo de talento, rivalidades e conquistas. Bird, o cerebral extremo que redefiniu o jogo com a sua precisão nos lançamentos e visão de jogo, e McHale, o técnico e implacável poste, criaram uma química única. Completavam-se em quadra como poucos duos na história. Enquanto Bird era o estratega e líder vocal, McHale era o guerreiro silencioso, responsável por dominar o garrafão e impor respeito aos adversários.
Desta parceria resultaram inúmeros momentos históricos — batalhas memoráveis contra os Los Angeles Lakers de Magic Johnson, finais épicas contra os Houston Rockets, e atuações individuais que ainda hoje são recordadas pelos adeptos. Mesmo após as suas carreiras como jogadores, a amizade entre ambos nunca foi abalada. Bird, que seguiu para o cargo de treinador e depois para dirigente, e McHale, que também trilhou o caminho da liderança técnica, mantiveram sempre o contacto e o respeito mútuo.

Assim, quando Bird afirma que não contrataria McHale como treinador principal dos Pacers “por causa da relação entre ambos”, a decisão não vem da desconfiança, mas da lealdade. Bird entende que misturar a amizade pessoal com a hierarquia profissional poderia comprometer uma ligação construída com base na igualdade e na admiração. O percurso de Kevin McHale após a sua reforma consolidou a sua reputação como um dos grandes pensadores do jogo. Depois de pendurar as chuteiras em 1993, rapidamente se virou para as funções administrativas e técnicas. Trabalhou como general manager dos Minnesota Timberwolves, onde ajudou a moldar o início da carreira de Kevin Garnett, e mais tarde assumiu o cargo de treinador principal.
A sua passagem mais marcante como treinador foi nos Houston Rockets, entre 2011 e 2015. Durante esse período, McHale conduziu a equipa a várias presenças nos playoffs e foi fundamental no desenvolvimento de jogadores como James Harden e Chandler Parsons. O seu estilo de liderança, baseado na disciplina, empatia e experiência, fez dele uma figura respeitada pelos atletas e dirigentes. No entanto, a relação especial entre Bird e McHale transcende a vertente profissional. Bird, que conhece as intensas exigências de gerir uma equipa da NBA, afirmou que colocar McHale nesta posição sob a sua presidência criaria uma situação desconfortável. “Seria injusto para ele. Trabalhar comigo, sabendo o que vivemos juntos, poderia interferir com decisões que precisam de ser frias e racionais”, explicou Bird.
Sob a gestão de Larry Bird, os Indiana Pacers mantêm uma sólida reputação na NBA como uma franquia estruturada, comprometida com o desenvolvimento de talentos e fiel a uma cultura de trabalho coletivo. Bird, que assumiu diferentes funções no clube desde o início dos anos 2000, tem sido o responsável por dar continuidade a uma filosofia baseada na ética, estratégia e respeito pelos jogadores.
A sua liderança tem sido marcada por decisões ponderadas — e a recusa em contratar McHale é mais uma demonstração disso. Para Bird, construir uma equipa vencedora não se trata apenas de táticas e estatísticas, mas também de valores humanos. Sempre enfatizou a importância de manter um ambiente profissional equilibrado, onde as relações pessoais não interfiram na procura da excelência..Enquanto isso, McHale continua a ser um nome venerado no universo da NBA. Continua a trabalhar como comentador e analista desportivo, contribuindo com a sua visão experiente sobre o jogo que ajudou a moldar.